Economy resume for the week – by Keren Ferreira – 2020-10-02
A reabertura da economia global vem continuando de forma progressiva em vários países, isso permitiu que muitas pessoas voltassem ao trabalho e que várias indústrias também pudessem ter um ritmo de produção mais normal. Entretanto a preocupação com relação ao longo prazo ainda continua. Só vamos conseguir entender isso quando acontecer a segunda onda da pandemia e quando a vacina chegar. Até então, o apoio de governos e bancos centrais será fundamental para tornar menor a perda de empregos e estimular a retomada.
CANADA: Considerando a recuperação mais forte esperada nos Estados Unidos, e assumindo uma continuação do estímulo governamental e monetário, a projeção de crescimento mundial para este ano, segundo o National Bank of Canada será de -4,0% para -3,7%.
No Canadá, os indicadores econômicos, como vendas no varejo, vendas de imóveis e construção, continuaram trazendo motivação positivamente. O índice de desemprego em relação ao pico pré-Covid é comparável às perdas na recessão devastadora do início dos anos 1980. Por este motivo, o governo optou por uma redução gradual dos benefícios que deve evitar uma reação de curto prazo nos gastos do consumidor. Dada a recuperação mais rápida do que o esperado da economia nos últimos meses e os recentes anúncios de ajuda financeira para as famílias, a projeção de redução do PIB canadense para 2020 será de 7,1% para 5,7%.
EUA: A taxa de desemprego dos EUA caiu para 7,9% em setembro de 2020, conforme anunciado pelo Ministério do Trabalho na sexta-feira passada, pensando na eleição presidencial que acontecerá dia 3 de novembro.
BRASIL: Analisando a economia brasileira, com a flexibilização em escala das restrições à mobilidade de pessoas, a ampliação do auxílio emergencial, a extensão do crédito a micro, pequenas e médias empresas (MPMEs) com garantia do Tesouro Nacional e a política monetária expansionista, tudo isso ajuda a explicar a retomada observada a partir de maio de 2020.
Com isso, a queda projetada para o PIB no ano foi revisada de 6% para 5%, enquanto, para 2021, o crescimento projetado foi mantido em 3,6%. Entretanto, também, a forma para medir a recuperação ainda depende da evolução da pandemia, em especial da continuidade da trajetória de redução do número de novos casos e mortes.
No Brasil, o maior desafio neste momento é encontrar uma forma de custear o Renda Cidadã, o novo programa de transferência de renda que irá substituir o Bolsa família, sem furar o teto de gastos, regra esta que limita o aumento de despesas do governo. Este programa foi anunciado esta semana, em 28 de setembro de 2020. O governo pretende utilizar fundos do FUNDEB (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação) e de precatórios, passivos reservados para poder pagar programas e dívidas já reconhecidas pelo próprio governo.
As perspectivas para a economia do Brasil dependem também da redução das incertezas quanto à política fiscal diante do forte aumento do déficit e da dívida pública resultante das medidas de combate aos efeitos da pandemia, bem como das pressões que vêm se acumulando pelo aumento de gastos.
Ainda que a deterioração fiscal de 2020 seja transitória, e seu impacto sobre a dívida pública venha sendo em parte compensado pelas baixas taxas de juros vigentes (Selic a 2%), a necessidade de implementar medidas com uma forte estrutura que garantam um caminho sustentável para a relação dívida/PIB aumenta-se a cada trimestre.