As eleições americanas estão nos ensinando a importância de mantermos nossos investimentos olhando para um mundo globalizado e interligado.


Economy summary by Keren Ferreira – November 2020-11-06

Muitos amigos me perguntaram nas últimas semanas qual o motivo para ficar tão atenta para as notícias nos Estado Unidos e agora esses mesmos amigos passaram a entender o motivo da minha atenção.
Os Estados Unidos são uma democracia madura. A forma como o presidente Donald Trump se comporta e os riscos de retrocessos não afetam tanto a economia deste país.


A sociedade americana valoriza a liberdade de cada indivíduo e isso se refletiu na construção do Estado, ao se evitar dar muitos poderes ao chefe do Executivo. Esse aspecto foi historicamente sendo reforçado pela legislação que freia e contém os excessos de governantes. Como resultado disso, há menos intervenção do estado na economia e esta não depende tanto das ações governamentais.


No Brasil, a história é bem diferente. O Executivo tem maior poder, pela forma como o presidente intervém na economia. A volta do crescimento no Brasil depende de muitas reformas que precisam ser enfrentadas pelo governo, reformulando a intervenção do estado na economia. Depende de uma combinação que aumenta a responsabilidade do presidente, especialmente com o Congresso dividido e sempre cedendo à pressão de grupos políticos organizados, que muitas vezes acabam atrapalhando e manipulando o debate público. Em resumo, o Brasil é uma democracia menos madura e com instituições mais frágeis.


O presidente Jair Bolsonaro compreende o tamanho da sua responsabilidade e dos riscos que irá enfrentar à frente, para poder cumprir a agenda econômica reformista.
O motivo de ele estar acompanhando tanto o resultado da eleição norte-americana, apesar de o Brasil ser pouco relevante na arena externa daquele país, é mais um fator relevante para a tomada de decisões do governo de Bolsonaro.


A disputa acirrada nesta eleição americana, apesar das críticas à gestão da crise de saúde devido a pandemia que o mundo está enfrentando, sugere que, quem quer que seja o vencedor, enfrentará dificuldades internas. Nesse sentido, talvez o legado mais negativo de Trump foi ter incentivado para que a sociedade ficasse em polos opostos e extremos.
O democrata Joe Biden, considerado como a favor de uma postura de menos confronto do que o presidente Trump nas relações entre China e Estados Unidos, apresenta liderança firme nas eleições até o momento. Importante mencionar que a questão ambiental será um ponto em que pesara muito para o Brasil caso Biden vença, porque este é um dos temas da campanha dele.


O dólar vai subir ou vai cair? Ouço esta pergunta diariamente e sempre repito as mesmas palavras, em um paradigma de incertezas, vivendo em uma pandemia sem precedentes, e considerando que os países de alto escalão com as maiores reservas e poderes do mundo estão discutindo sobre relações comerciais, não há como prever exatamente como as moedas vão se comportar.
Apesar do otimismo, os mercados financeiros se preparam para dias ou mesmo semanas de incerteza, depois de Trump ter aberto um ataque judicial em várias frentes sobre a contagem dos votos, buscando processos e uma recontagem.